O atual mercado residencial nas grandes cidades portuguesas não é favorável para os jovens trabalhadores. Comprar casa ainda está fora de alcance por não haver estabilidade laboral e as poupanças necessárias. E arrendar casa também está cada vez mais caro, acarretando custos que, muitas vezes, estes jovens ainda não conseguem suportar. É por isso que procuram na oferta de quartos para arrendar a solução para ter um lar – nem que seja de forma temporária -, à semelhança de pessoas noutras faixas etárias, com dificuldades em afrontar o custo da habitação, como sejam divorcidados, desempregados ou com baixos salários. Mas há cada vez menos quartos para arrendar em casas partilhadas: a oferta desceu 44% no período dos últimos doze meses terminado em julho, segundo um estudo publicado pelo idealista, o marketplace imobiliário de Portugal. E o preço subiu, de forma generalizada.
Analisando a oferta de quartos em oito cidades portuguesas, verifica-se que a descida do “stock” de quartos para arrendar foi bastante acentuada em todas, sendo na sua maioria superior aos 60%. Foi no Porto (-84%) onde mais se verificou a maior redução, seguido por Lisboa (-77%), Leiria (-71%), Aveiro (-69%), Setúbal (-69%), Faro (-67%), Braga (-67%) e Coimbra (-39%). Das cidades analisadas, nenhuma apresentou subida da oferta de quartos para arrendar no último ano.
A descida da oferta de quartos provocou um aumento de preços em quase todas as cidades analisadas, com a exceção de Faro e Braga onde desceram 1,9% e 1%, respetivamente. Foi no Porto onde os preços dos quartos para arrendar mais subiram, sendo 20% mais caros do que há um ano. Segue-se Aveiro (19,8%), Lisboa (18,1%), Leiria (12,2%), Coimbra (8,2%) e Setúbal (4,7%).
Lisboa continua a ser a cidade com os quartos para arrendar mais caros em Portugal, onde os preços rondam em média os 420 euros mensais, seguida pelo Porto (350 euros/mês), Aveiro (300 euros/mês), Setúbal (300 euros/mês) e Faro (300 euros/ mês). Por outro lado, das cidades analisadas, as mais económicas para arrendar um quarto são Coimbra (220 euros/mês), Leiria (230 euros/mês) e Braga (260 euros/mês).
O perfil de quem partilha casa em Portugal
E quem é que procura quartos para arrendar no país? São as pessoas com 33 anos, que vivem no centro de grandes cidades e não fumam (apesar de tolerantes com quem fuma) que marcam o perfil de quem partilha casa em Portugal.
A idade média dos habitantes de uma casa partilhada varia em função da zona geográfica, sendo Faro, no Algarve, a cidade com a média mais alta, rondando os 38 anos. Segue-se Setúbal, com uma média de idades de 36 anos e Coimbra onde a média é de 34 anos. Em Aveiro e Leiria, a média é de 32 anos em ambas as cidades, seguidas por Braga (30 anos), Lisboa (29 anos) e Porto (29 anos).
Arrendar quarto não é só para estudantes
Os dados publicados neste relatório revelam que o arrendamento de quartos não é uma opção habitacional apenas para estudantes, convertendo-se também na opção eleita por jovens que estão a dar os seus primeiros passos no mercado de trabalho – e em alguns casos até mais tarde.
A atual realidade do mercado de arrendamento português nas grandes cidades faz com que seja complexo para muitas pessoas solteiras ou separadas suportar o custo de uma casa, tornando o arrendamento de um quarto a opção mais económica.
Por outro lado, partilhar casa continua a ser um estímulo para muitos jovens com vontade de serem independentes e de sairem da casa dos pais, uma tendência que deverá aumentar nos próximos anos, já que os arrendar e comprar casa está cada vez mais caro.
Metodologia
Para a realização deste estudo foram considerados apenas as cidades com uma base estável no idealista durante o período analisado e com um número mínimo de 40 anúncios.
Fonte: Idealista News